quinta-feira, 31 de maio de 2007

para quem perdeu. a minha cena foi esta. sinopse.

o amor morreu. ou adormeceu. nao sei bem.
sei que. o negrume do coração trespassou. infectou. contagiou-se pelas paredes. pelo espaço.
e chegou aos olhos do homem.
sei que. esse homem esta morto. cego. e nao deixou de amar.
nem de escrever cartas. de amor.

ciclo de mini espectáculos para perceber ainda menos o amor #4. ja foi nos ultimos tres dias do mes. extracto de um dos meus dialogos.

fiquei preso ao amor que nao chegou. que me esqueceu. e me escondeu do mundo.
abrange-me um escuro. um negrume crescente que já me consumiu o corpo. que me limitou os movimentos.
fui abandonado as moscas e aos bichos devoradores de corpos moribundos. como o meu.
olha para mim. aqui. preso. fechado. ja sem olhos.
olha para mim. aqui. sozinho. potrefacto. decomposto.
diz que me soltas. que me levas contigo. e que me amas.
ama-me por favor.
cuida de mim ao adormecer.
e sê feliz comigo.
ama-me.
eu prometo amar-te tambem.
quero chegar a ti. quero
contemplar-te o tempo que for preciso.
quero chegar a ti.
e nao consigo.
falham-me as forças
e desisto mais uma vez.
acaba-se tudo.
eu. sozinho. e abandonado. como da outra vez.

segunda-feira, 21 de maio de 2007

quarto a preto e branco

hoje. encontrei-te na minha pele, pela manha.
não disseste nada.
depois comecei a sentir-te as pulsações. e o sangue a passar-te nas veias.
ainda tinha o teu sabor na boca. e não dissemos nada.
permanecemos.
eu arrisquei-me e fui-te tocando a cara e beijando as mãos. dei-te ainda puxões nas orelhas. não gostas. mas gosto da tua cara de desagrado.
guardei os olhos.
tu ainda estavas lá. quieto.
vimos pela parede as pessoas que passavam.
escrevemos historias sobre elas.
acabam todos casados e felizes. e com filhos e animais.
e depois continuamos. calados.
gostaDeMimSeFazFavor
emano a decadência pela pele.
roço-me nas esquinas. nas casas e nas pedras.
apoderou-se de mim um cio doentio e vicioso. sou um animal que espuma pela boca. olhos com chamas , que brilham. penetram.
sou um predador.
tenho o desejo de sangue a jorrar-me nas entranhas. e desejos de doenças. e de vícios que me prendem os pés. e a piça.
queria arrancar os braços as crianças. expô-los e cuspi-los no desprezo.
queria torcer os úteros. arranca-los com os dedos e mastiga-los docemente a frente de uma mulher. vou parir-te um filho feio. para que o mates.
e serei mais livre assim.

segunda-feira, 7 de maio de 2007

atiro-me às feras.
elas, vão-me mastigando a carne enquanto me fitam os olhos.
eu, quedo-me. e limpo o sangue com luvas de algodão. brancas. para que a prova do sofrimento seja maior.
quando já não ha sangue, as feras largam-me ali.
e eu fico sozinho a limpar. vergado aos desprezos.
e espero.

sexta-feira, 4 de maio de 2007

n.

amo-o com toda a violência do universo. choro-o todos os dias, à mesma hora, por baixo da almofada numero dois da minha cama. cíclico.
olho-o passar ao de leve pelas gentes. ri-se e continua. paira sobre as coisas. e nada lhe consegue tocar.
amo-o. como uma doença que não me larga o corpo. que me destrói a cada passo. passo.
consome-me o imaginar. eu e ele no fim das histórias. felizes para sempre.

quinta-feira, 3 de maio de 2007

que nunca ninguém me leve a sério quando digo que me quero só.

quarta-feira, 2 de maio de 2007

enfurecem-me as prioridades. e as coisas resolvidas à pressa.
enfurece-me o amor que se distribui pelas pedras no meio da rua. ao calhas. amor distribuído pelas naturezas mortas. e pelos tinteiros secos de inspiração.
enfurecem-me as falhas de deus na criação do mundo. enfurece-me deus. e o mundo. e as coisas. e as pessoas.

terça-feira, 1 de maio de 2007

retribuição

há uma menina no mundo que sabe que gosto de escrever para ela. gosta também de saber que escrevo. e escrevo então.
nada de mais. nada profundo nem masturbadamente maçudo. porque o amor que sinto por ela é bonito. e é azul. ou verde. ou outras cores. ou outras coisas.
gosto dela. e queria estar com ela. dizer-lhe mais uma vez que a amo e que a quero respirar todos os dias da minha vida. num amor possessivo e egoísta.
gosto dela. gosto de o dizer outra vez.
Ana Paula Cepeda Alves. ela mesmo. de bragança. quero que saibam quem é. porque quero que o amor seja público. que saia à praça e se apresente aos olhares das pessoas. e às pessoas.
napau gosto de ti. ponto final. asterisco. e coiso. e está tudo dito.
e obrigado pelo muleskine.