terça-feira, 28 de outubro de 2008

sou um filho-da-puta

ha-de chegar alguem que me arancará as acendalhas dos olhos. depois vou acordar e verei que nada é assim

Alexei Petrov

sábado, 25 de outubro de 2008

e. a maquina de matar

Levantou-se e saiu. a rua apareceu-lhe escura, com pessoas sem olhos. e sentadas no chão a chamar por quem passa. poupou-lhes a vida porque a sabia saida de um escarro no final da tarde de janeiro. e porque o cheiro do desespero lhe dava tesão.

No avançar via que não ia só. nunca. ia só.

Era sempre rodeado por coisas que ela nunca havia descoberto. que a espreitavam e lhe falavam. quando do amago lhe saia a cobardia de continuar viva. quando num impulso inocente assumia que chorava por ser assim. quando o espelho lhe mostrava uma cara e um corpo. uma nudez vulneravel. e um ser humano que ainda o era. e que so ela sabia.

As coisas permaneciam nas esquinas à escuta. dedilhavam formas para ouvir a voz que matava. que libertava e que se jorrava nas noites em ejaculaçoes de sangue. quentes.

Mas não falava. o som da voz so lhe aparecia em sonhos. esquecera-se dela no dia em que o sangue lhe banhou as mãos pela primeira vez. e das esquinas surgiam sons de passadas secas, gemidos e lutas por comida.

A maquina de matar avançava sempre a passo preto. com um estandarte a anunciar a causa. com trompetes e cavalos esbaforidos e relinchantes.

Como um animal. e ia matando assim, à vista de tudo.

O mundo aceitava-a pelo medo. e pela falta de mais. e porque não sabiam o porquê. não sabiam quem. e não sabiam que as maos de sangue tremiam. nao sabiam nada.

Nunca o sabem.

E a soma os numeros assustavam. a rotina das mortes que rodeiam apanhavam sempre de surpresa. como se fosse a primeira vez. como se surgisse do impulso inocente do previsto pelos objectos que carrega.

O sangue so lhe aquecia as mãos. banhava-se nele para que lhe passasse as frieiras. e tomou o gosto do cheiro quente e do som languido que tocava o chão.

E sabia bem que, na essencia daquilo tudo, assim fosse.

Ou entao.

A maquina de matar mata e acabou. sem rodeios, sem paneleirices, sem poesias forçadas e repuxadas de um vomito seco e vazio.

Mata com a precisao das feras.

Mata ao de leve, na passagem, no rodar dos ponteiros.

Mata bruta. Mata hard-core. Mata tudo.

Mata. Mata, caralho.

terça-feira, 14 de outubro de 2008

ascensão. A



Aquele que subiu mostrou-nos tudo o que os olhos viram.

O mundo ao fundo, aparecia como da primeira vez, ainda humido de sono e cansado de ali estar.
O homem continuava de pé. e os olhos de pedra embargavam a poeira dos montes, o vinho a martelo. e a merda que limpava todos os dias, da mãe.
Continuou e.
Do alto de tudo foi mostrando onde as cadelas pariam filhos anonimos. onde as senhoras subiam. com cestos de vime. e carregos de lenha para os fogões de ferro fundido.
De mãos toscas e pretas, lascadas a seixos. e granitos que apareceram com as regras por ordem da segunda comunhão.
No topo do mundo os calos dos pais pareciam bonitos, como remendos a renda nas toalhas de domingo. mas na descida prenderam-nos o clarear das lagrimas e feriram-se nas lascas aparecidas de fúria. como caça galopante a espumar pela boca. sinos a rebate e ao despique do anuncio de tragédia.

O mundo continuava por la, a pairar no encanto das mouras escondidas nas silvas, das camponesas lesbicas e do sr homem que era laurindo, ao cimo.

(Que. fodido. continuava a limpar a merda da mãe)

quinta-feira, 31 de julho de 2008

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

ela concorda comigo. ja nao queremos mais ser amigos deles. sao idiotas sem estilo. fazem-nos passar vergonha e tudo. depois da filtragem ser feita nunca mais lhes falamos.