terça-feira, 11 de setembro de 2007

o primeiro eu. o primeiro texto. eu. Simbiose. e fim da simbiose. fim. primeiro por a musica a tocar. so depois ler o texto.



Sabes, não desisti de ti. Ainda te quero tocar mais um pouco.
O teu corpo continua a fazer falta ao meu.
Sabes, tenho medo de me ir embora e não te deixar por cá. Tenho medo que vás comigo e continues a dar beijos nos olhos, a mexer na ponta do nariz e a censurar-me o cigarro que te justifica a hipocondria.
Sabes, continuas convidado para o jantar planeado. Com a minha mãe a fazer-te perguntas que só eu poderei responder. Continuas sim.
Sabes, continuo a ver-te da primeira vez com os óculos. Naquela livraria, cara que dói. Com aquela senhora loira que tu odiaste, a oferecer ajuda e catálogos com 30% de desconto na compra do segundo livro.
Continua a imagem.
Do que se seguiu à livraria, cara que dói, com 30% de desconto na compra do segundo livro. O café.
Não pus açúcar (sabes agora que já o bebo assim). E tu disseste-me que se a desvalorização pessoal continuasse, não me falarias mais. Então acompanhei-te calado. E às tantas fui-me dizendo feio para que o negasses e a expressão fosse mudando para que eu a pudesse compor com as pontas dos dedos.
Depois pagaste o café e cobraste a divida horas mais tarde.
Sabes que contarei historias tuas aos amantes que te seguirem.
E tu vais esquecer que um dia, perdido, fugi para apagar as luzes do lugar onde nasceu o primeiro filho.
Sabes que voltarei não tarda.
Já terás o carro pago, o seguro contra todos os riscos anulado e estarás a viver ao pé do mar.
Sei que continuaras com as camisas e a camisola com gola “à pescador” que anulou o café no teatro.
Sei que os moralismos continuarão e que os cafés ainda não sucumbiram ao teu pagamento.
Sei ainda que a partir de hoje já não sou teu.
O coração bate outra vez a 120 vezes por minuto e o rádio do carro voltou a funcionar a volume 35.
Sei que volto à arrogância que me queima os sonhos, o casamento e os sapatos brancos comprados na la redoute com 40% de desconto.
Como o sei. E tu continuas a insistir que sabes mais que eu.

terça-feira, 4 de setembro de 2007

blind date. dois.

Espera-me aí. quedo. que eu já vou ter contigo.
Só apanho as flores que te quero espalhar no cabelo.
Dá-me ainda a mão e não me largues.
Nunca.

blind date. um.

Aposto que és feio. cego de um olho. e que cheiras mal da boca.
Aposto-me nos pulsos prontos a definharem facas e a alisarem unhas que vais cravar por cá.
Aposto o corpo.
Que entrego ao grotesco que te envolve as linhas da pele e os fluidos decompostos que exalas no movimento dos olhos.

Insultas-me o amor.

Entregas á luz das madrugadas a podridão que te pariu.
Entregas-te tu também. aos pés que assentam naquilo que há muito morreu.

És tu. assim.
E eu também.